O jornalista e analista político, Fernando Lima, considera que Ossufo Momade e o partido RENAMO actualmente não tem legitimidade para propor anulação das eleições ou sugerir a criação de um governo de transição devido aos baixos números que alcançaram nas Sétimas Eleições Presidenciais e Legislativas e as Quartas das Assembleias Provinciais e do Governador de Província.
Lima falava à “Integrity Magazine” em reacção à proposta apresentada pelo líder da Renamo, Ossufo Momade, divulgada numa conferência de imprensa dada no contexto das manifestações de reivindicação dos resultados eleitorais. O analista considera que as declarações surgem como mecanismo para contrariar a humilhação que a Renamo teve nas eleições.
“A Renamo e o Senhor Ossufo Momade neste momento, conjunturalmente, não podem ter o protagonismo que tiveram historicamente, num passado recente. Logo, as suas declarações e as suas propostas, independentemente da sua valia, têm que ser vistas nesse sentido. Neste momento não são a força de liderança da oposição em Moçambique”, comentou.
Ademais defende que existem órgãos de administração eleitoral constituídos de poder para tomarem as decisões sugeridas por Ossufo Momade e recorda que estas intuições deliberam em função das circunstâncias e não por mera necessidade.
“Eu penso que os órgãos que têm a responsabilidade sobre o processo eleitoral, se eles agirem com independência, se agirem perante os pactos, eles chegarão à melhor conclusão sobre que decisão deve ser tomada em relação aos resultados”, explicou.
Questionado se Ossufo Momade procura tirar proveito com a sua proposta, respondeu dizendo que pode tratar-se de uma oportunidade na qual a RENAMO encontrou para reconquistar o protagonismo que tinha como a maior força partidária da oposição em Moçambique.
A nossa fonte finaliza a conversa mostrando dúvidas em relação a anulação das eleições de 9 de outubro pois não há indícios de que os órgãos reconhecem a viciação do processo. Para além disso existem processos a serem cumpridos para chegar-se a essa decisão.
“Primeiro tem que se responder cabalmente à primeira premissa. Ou seja, quem ganhou as eleições ou decidir que é impossível determinar com certeza ou com mínimo de fiabilidade quem ganhou as eleições”, finalizou citando o provérbio popular “Não ponha a carroça na frente dos bois“. (Integrity)