Cerca de 95% dos profissionais de saúde estão a observar uma greve em todo o território nacional desde 29 de abril passado, e a Associação dos Profissionais da Saúde Unidos e Solidários de Moçambique (APSUSM), disse durante uma conferência de imprensa realizada na segunda-feira (06.05) em Maputo, que esta paralisação já causou 327 óbitos em todos os hospitais do País.
A Associação denuncia que os seus membros estão a ser alvos de várias ameaças psicológicas, com destaque às transferências para zonas recônditas, assédio moral, abertura de processos disciplinares, entre outros pelo facto de estarem a aderir à greve.
“Estamos a sofrer assédio moral por parte dos directores clínicos das unidades sanitárias distritais da saúde, provinciais, administradores, chefes de recursos humanos e outros que nos coagem a trabalhar sob ameaça de marcação de faltas”, denunciou Anselmo Muchave, Presidente da Associação.
Segundo Muchave persiste a falta de medicamento médico-cirúrgico, pagamento justo de horas extras, falta de alimentação de pacientes internados, superlotação de camas nos hospitais, entre outros.
“Passamos ao reenquadramento definitivo dos técnicos de regime geral e específico, tivemos cortes na continuação dos estudos por parte dos profissionais da saúde, falta de uniforme que o governo terminou de dar no mês de dezembro de 2023, falta de alimentação para os pacientes, muitas unidades sanitárias não têm camas nem lençóis. O exemplo disso é a maternidade do Hospital Central de Maputo”, disse Muchave.
Consta ainda do seu caderno reivindicativo, o não pagamento do subsídio de cirurgia no valor de três mil meticais aos técnicos superiores de cirurgia e enfermeiras de saúde materna infantil com a componente cirúrgica, pois estes asseguram os blocos operatórios em todo o País.
Muchave revelou que a maioria dos óbitos que ocorrem nos hospitais também estão associados à falta de alimentação.
Muitas unidades sanitárias do País estão a funcionar a meio gás e perante esta situação os hospitais centrais de Maputo, Beira, Nampula, Quelimane, Hospital Provincial de Manica e outros ressentem-se mais da sobrecarga, tendo em conta que recebem todos pacientes dos distritos para cidades.
A fonte garantiu que a greve dos profissionais da Saúde vai manter-se até que o governo cumpra com as exigências da classe. (Nando Mabica)