Ao meio da tarde de um sábado, o sol aquecia no pico dos 36 graus, sobre uma sombra frondosa, estava Samson, um ferrenho amigo do Paito desiludido com a partida do seu amigo para o mundo do além. Samson parou-me para deixar-me a par da situação, inconsolável, perguntou-me, conheceu Paito?
Escrito por: Pedro Tawanda
Estou a ver o nome, mas a pessoa já não me aparece em mente! Retorqui por cortesia.
Um bom jovem, meu amigo, que andava nas oficinas do senhor Paz, antes de ir à tropa, ia me explicando o Samson, já com um semblante com sinais de amargura pela perda tão precoce daquele que em vida constava no reportório das suas amizades.
Paito era um bom menino, antes de ser incorporado na vida militar, tentou a mecânica numa dessas oficinas que operam debaixo de uma mangueira.
Logo, depois de ser desmobilizado foi chamado a integrar as FDS na Unidade de Intervenção Rápida (UIR) e, por conseguinte, foi afectado na província de Nampula.
Já que o terrorismo que se faz sentir na província de Cabo Delgado está a tirar sono às autoridades moçambicanas, Paito foi chamado a preencher a linha de combate em Quissanga.
Em Quissanga, Paito morreu vítima de uma bala terrorista na companhia de outras tropas que a todo custo lutavam para mitigar o extremismo violento que afecta a terra dos Macondes.
Paito professava a religião islâmica, por isso a narrativa que os terroristas lutam para montar um Califado, na região norte de Moçambique roça a inverdade, senão Allah iria proteger a vida do seu servo.
Paito tombou e seu corpo está em algures nas matas de Quissanga, faz dez dias e a família está aglomerada no bairro Samora Machel, na cidade de Chimoio com esperança de embrulhar a alma do seu entequerido num cafan (pano usado para cobrir o morto na religião Islâmica).
Com o sol que se faz sentir, durante esse tempo todo e o receio de as FDS, entrarem pela mata adentro só para resgatarem o corpo enquanto os terroristas fazem das suas, e a possibilidade de Paito ter um funeral condigno é remota, sentenciou Samson!
Paito é mais um militar que entrega a sua vida em defesa da pátria e que o destino tratou de plantar dor e decepção em familiares e amigos, porque o seu corpo crivado de balas pode ficar perdido pelas matas de Cabo Delgado.
Morreu Paito, um bom jovem!!